Young Adults/ Jovens Adultos
direção: Jason Reitman
elenco: Charlize Theron, Paton Oswalt, Patrick Wilson, Elizabeth Reaser
IMDb
Embora já tenha faturado uma estatueta em 2004, Charlize Theron foi uma das ausências mais sentidas pelos críticos no Oscar deste ano. E com razão. Charlize leva nas costas a comédia Young Adults com uma competência impressionante. Com um ar de Cameron Diaz bad-ass, ela vive a protagonista Mavis Gary, que apesar de ser uma linda-e-loira ghost-writer de uma série de livros, leva uma vidinha medíocre em Minneapolis. Mavis acabou de se divorciar e sua série está a beira do fim. A notícia de que Buddy (Patrick Wilson), o seu namoradinho de escola casou-se e acaba de ter uma filha interrompe a sua rotina regrada à muito álcool, junk food e one-night stands. Em busca de algum sentido na vida, ela decide voltar para a cidadezinha onde cresceu e reconquistar seu ex-namorado. O que aparentemente é apenas uma carência de nostalgia, uma necessidade de reaviver os bons momentos da adolescência, inesperadamente ganha contornos mais dramáticos ao longo do roteiro, escrito por Diablo Cody. Diablo é uma ex-stripper, autora do sucesso Juno, onde também trabalhou com o diretor Jason Reitman. Além de personagens sólidos e bem construídos numa narrativa bem simples, a roteirista dispara diversas críticas ao politicamente correto a bordo de diálogos afiadíssimos e sem a menor sombra de escatologia. O trabalho irretocável de Charlize Theron encontra um paralelo perfeito nas cenas com Patton Oswalt (O Desinformante), que faz o ex-colega nerd e deficiente de Mavis. Com uma trilha recheada de clássicos 90's (4 Non Blondes, Teenage Fanclub, The Lemonheads, entre outros), Young Adults traça um retrato divertido, e até mesmo tempo profundo, sobre as incertezas e as inescapáveis frustrações que as decisões tomadas no momento mais crucial da vida, mais cedo ou mais tarde, acabam trazendo.
The Woman in Black/ A Mulher de Preto
direção: James Watkins
elenco: Daniel Radcliffe, Ciaran Hinds, Janet McTeer, Sophie Stuckey
IMDb
Baseado no romance de Susan Hill e já adaptado para musical por Andrew Lloyd Webber, A Mulher de Preto é um projeto da tradicional produtora inglesa de filmes de terror Hammer, responsável por clássicos com Bela Lugosi, Peter Cushing e Christopher Lee. E é justamente essa atmosfera de terror vintage que o filme de James Watkins tenta reconstruir... em vão. O filme abusa daqueles velhos clichês de filmes de fantasma: cadeira de balanço que se mexe sozinha, caixa-de-música que toca do nada, sombras à espreita de janelas, etc. A história praticamente se arrasta até um clima realmente de suspense aparecer nos 30 minutos finais, que culminam num desfecho de gosto duvidoso. O protagonista, Arthur Kipps, é interpretado por Daniel Radcliffe em seu primeiro personagem pós-Harry Potter. Achei Radcliffe uma escolha um tanto imatura pro papel de um pai recém-viúvo que é enviado para uma mansão abandonada a fim de regularizar os documentos da propriedade. É óbvio que em em cinema de horror, mansão abandonada é sinal de mal-assombrada. Mas, há de se reconhecer que há um certo rigor técnico no visual de A Mulher de Preto: desde a eficiente direção de arte ao interessante jogo de iluminação nas cenas de Arthur dentro da mansão. Pena que só isso não seja o bastante pra envolver o espectador. Há a (sempre boa) presença de Janet McTeer, recém-indicada ao Oscar por Albert Nobbs, como uma paranormal tratada como louca pelo marido. De qualquer forma, em tempos de 3D, acho saudável a intenção nostálgica da Hammer em produzir filmes sem parafernália tecnológica, tentando assustar só através do clima do suspense. O exito da bilheteria de A Mulher de Preto nos EUA deve influenciar o estúdio a ser mais criterioso com os próximos projetos.
Esse ano a categoria de melhor atriz não foi fácil, né? Muita gente boa ficou de fora. Fiquei triste pela Charlize, porque ela está mesmo incrível. E me processem, mas pra mim até Kristen Wiig tava merecendo. Melhor atriz, 10 indicadas? Se todo o ano for assim, eu apóio!
ResponderExcluirSobre o filme: eu me surpreendi bastante. Estava esperando que a protagonista fosse gente como a gente, loser de bom coração. Mas Diablo Cody vai além. É uma personagem muito complexa e politicamente incorreta. E amei o final, porque mais realista impossível. [SPOILER?]Tem gente que não muda, é assim mesmo.
Oi, Eduardo! Cara, eu tava pensando a respeito da mesma coisa por esses dias... 10 indicadas a Melhor Atriz teria sido o ideal. Eu também achei a Kristen genial em "Bridesmaids". Gosto mais dela como atriz/comediante do que como roteirista. Quanto ao final de "Young Adults", eu resisti ao máximo não fazer comentários pra evitar o spoiler, mas já que vc falou, me sinto mais a vontade. É justamente isso, num filme "normal", a personagem da Charlize ficaria boazinha e talvez até terminasse junto com o ex-colega deficiente. Mas não, ela continuou badass e ainda assim tenta dar a volta por cima. Diablo Cody é mesmo genial.
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