The Hunger Games/ Jogos Vorazes
direção: Gary Ross
elenco: Jennifer Lawrence, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Stanley Tucci
sinopse: Num futuro distante, boa parte da população é controlada por um regime totalitário, que relembra esse domínio realizando um evento anual - e mortal - entre os 12 distritos sob sua tutela. Para salvar sua irmã caçula, a jovem Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se oferece como voluntária para representar seu distrito na competição e acaba contando com a companhia de Peeta Melark (Josh Hutcherson), desafiando não só o sistema dominante, mas também a força dos outros oponentes. Mas somente um dos participantes poderá sobreviver ao torneio.
análise: A distopia defendida por Jogos Vorazes encontra reflexos nas previsões cheias de ironia e nada animadoras feitas pelo escritor George Orwell através de clássicos como 1984. Trata-se da sociedade totalitária que se entretém com a desgraça de seus semelhantes desfavorecidos. The Hunger Games (no original), é baseado na trilogia best-seller de Suzanne Collins e desponta como o favorito para o ocupar o lugar de Crepúsculo e Harry Potter na preferência do público jovem. Em comparação à essas duas franquias, Jogos Vorazes, o filme, entra em campo com vantagens. Além de entreter, a história oferece nítidas possibilidades de crítica e reflexão através do contraste entre o futurismo de Panem, local fictício onde o filme se passa, e os hábitos atuais da sociedade em que vivemos.
A direção do norte-americano Gary Ross (de Pleasantville) nos envolve em um espetáculo que, claro, faz concessões ao cinemão blockbuster, mas também é audacioso o bastante para mostrar inteligência. Aqui, o já batido recurso de câmera trepidante se renova e amplia a eficiência da montagem nos momentos de ação. A protagonista Katniss, interpretada por Jennifer Lawrence, é apresentada à platéia através de uma delicada e bem-elaborada sequência de caça em uma floresta. Com um desempenho vigoroso, Jennifer Lawrence (já indicada ao Oscar por Inverno na Alma) oferece todo o seu carisma e beleza a Katniss, tornando-a irresistível. Trata-se de um jogo onde não há lado do bem ou do mal, todos lutam por um mesmo objetivo e em condições semelhantes. Mesmo que o longa não nos mostrasse tudo sob a ótica de Katniss, seria impossivel escolher outro personagem para torcer. Mais do que meros espectadores, viramos peça do tabuleiro sob a pele dela, vivendo em um futuro onde a alta sociedade é caracterizada pelo kitsch, ponto alto de um interessante trabalho de direção de arte. Em certos momentos, Katniss até foge do comum e ganha ares de anti-heroína: não tem pudor de matar, se vingar ou de dar o que a audiência dos jogos (ou será do filme?) quer.
Tendo em mãos um roteiro que contou com a colaboração da própria escritora Suzanne Collins, Gary Ross resiste à tentação de apelar para a extrema violência ou uma ação ininterrupta, oferecendo assim uma produção que, em meio a diversão e o suspense, também consegue ser crítica, sensível e até lúdica. Jogos Vorazes é um caso raro de entretenimento com apelo adolescente, mas de qualidade.
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