sexta-feira, 16 de março de 2012

Michael Fassbender

Graças a sua performance em Shame (que estréia hoje nos cinemas do Brasil) Michael Fassbender foi um dos atores mais elogiados pela crítica em 2011. E, junto com Ryan Gosling, foi vítima de um injusto descaso da Academia do Oscar. Mas, este ator alemão de 34 anos já chamava atenção em vários projetos ao longo de sua carreira, por isso, achei válido fazer um rápido panorama de sua (eclética) filmografia. 


Depois de um papel pequeno em 300, de Jack Snyder, Michael Fassbender conseguiria seu primeiro protagonista em Hunger (2008), também o primeiro filme de Steve McQueen, com quem o ator voltaria a trabalhar em Shame. Ele interpretou Bobby Sands, um terrorista detento que liderou uma greve de fome em uma prisão na Irlanda do Norte e que pela qual estava disposto a levar tudo até os limites da capacidade humana. Para o papel, Michael emagreceu 16 quilos. Seu esforço lhe garantiu 6 prêmios, incluindo o de Melhor Ator pela associação de críticos de Londres. Fassbender e o ator Liam Cunningham dividiram um apartamento por algumas semanas, com o objetivo de treinar a cena, de 17 minutos, em que o padre interpretado por Liam tenta desestimular Bobby de fazer a greve. Os atores treinavam a sequência cerca de vinte vezes por dia. Hunger foi baseado em uma história real. 


O independente Fish Tank (Aquário, 2009), de Andrea Arnold, contribuiu para que Fassbender estabelecesse um prestígio perante a crítica inglesa e o cinema alternativo. Isso consequentemente levou Quentin Tarantino a escalá-lo em Inglorious Bastards (Bastardos Inglórios, 2009), para o papel do tenente Archie Hicox. Este é até hoje o filme de maior bilheteria de Tarantino e projetou o nome de Michael Fassbender no mercado norte-americano. Para atingir o objetivo de Tarantino, de dar a Archie um estilo parecido com o do ator George Sanders, Fassbender mergulhou em filmes da década de 1930 e 1940, captando um certo orgulho natural que emanava dos astros americanos naquela época.  


Em 2011, Fassbender fez par romântico com Mia Wasikowska (a Alice de Tim Burton) na 17ª adaptação para o cinema do clássico romance de Charlotte Brontë, Jane Eyre. Seu Edward Farfaix ganhou um ar natural de sedução e magnetismo, dando um diferencial para o longa dirigido por Cary Joji Fukunaga. O diretor, aliás, afirma ter percebido o espírito de Edward em Fassbender logo na seleção do elenco. Na época, Michael Fassbender afirmou que a forte admiração de sua mãe e de sua irmã pelo romance foi a primeira coisa que o motivou a fazer o filme.  


Michael Fassbender definitivamente atravessaria a barreira do mainstream hollywoodiano ao interpretar o jovem Magneto de X-Men: First Class (X-Men: Primeira Classe, 2011). A revista Entertainment Weekly classificou sua performance como “cool, intensa, suave e livre de afetações”, além de identificar um poder natural de “star magnetism” no ator. Fassbender afirma ter assistido o trabalho de Ian McKeller como Magneto nos outros filmes da série X-Men, mas optou dar novas nuances e um aspecto pessoal para deixar o seu personagem acima dos maniqueísmos.

 
Ainda em 2011, Fassbender esteve nas mãos do cultuado diretor David Cronenberg em A Dangerous Method (Um Método Perigoso), no papel do psicanalista Carl Jung. O filme explora o relacionamento extraconjugal de Carl com uma de suas pacientes, Sabina Spielrein (Keira Knightley) e a sua amizade com Freud (Viggo Mortensen). Quanto às teorias de Jung e Freud, Michael Fassbender se diz identificar mais com o lado Junginiano de ver as coisas: “Eu acredito que tudo é possível e muitas coisas no mundo são inexplicáveis (...) Eu gosto de pensar que há muito mistério por aí; a idéia de interconectividade”. 


Não foram só as cenas de nudez frontal que atraíram os olhos da crítica para Shame: a impressionante tour-de-force desempenhada por um Michael Fassbender livre de pudores, gerou uma aclamadíssima performance. O filme pode causar polêmica e dividir opiniões por onde passa, mas os elogios pela irretocável atuação de Fassbender como Brandon, um homem viciado em sexo, é sempre um consenso geral. Esta segunda parceria com o diretor Steve McQueen rendeu ao ator cerca de 16 prêmios, dentre eles o da Associação de Críticos de Los Angeles. Foi também indicado ao Globo de Ouro e o BAFTA, e era um dos favoritos ao Oscar. Segundo McQueen, “Os Estados Unidos tem muito medo de sexo” e seria a justificativa para a não-indicação de Fassbender pela Academia. Sobre ficar sem roupas diante das câmeras, Fassbender declarou: “O problema é com a idéia do nu masculino. Isso me deixa perplexo: mulheres desfilam nuas o tempo todo, mas o cara, convenientemente, está sempre de calças. Eu me lembro da minha mãe sempre reclamando disso: ‘Isso é injusto, são sempre as mulheres que estão nuas’... Então... eu fiz isso por você, mãe!”. Dentre os vários elogios ao trabalho de Michael Fassbender em Shame, um dos mais notáveis (e cômicos) foi o de George Clooney na entrega do Globo de Ouro: “Fassbender... você pode jogar golfe sem usar as mãos”. 


Vale a pena ficar de olhos atentos em Michael Fassbender durante 2012: o ator integra o elenco estelar do novo filme de Steven Soderbergh, Hayware, que conta com nomes como Ewan McGregor, Michael Douglas, Antonio Banderas, Bill Paxton e Channing Tatum, e cuja estréia nos cinemas brasileiros está prevista para o dia 20 de abril. Fassbender também estará nos novos projetos de Ridley Scott (Prometheus, com Noomi Rapace, e ainda The Counselor), Brendan Gleeson (estreando como diretor em At Swim-Two-Birds) e Steve McQueen (Twelve Years a Slave, que será o terceiro projeto consecutivo do diretor que é protagonizado por Michael). 

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