O melhor ator de 2011: Ryan Gosling
Ryan Gosling e Jessica Chastain foram meus atores preferidos em 2011 e merecem bastante atenção em 2012, já que estarão trabalhando a todo vapor. Vou começar falando de Ryan, amanhã falo sobre Jessica.
Ausência sentida no Oscar 2012, Ryan Gosling chega aos circuitos brasileiro a bordo do aclamado Drive, filme que estréia com seis meses de atraso (e que todo mundo já viu através de torrent, mas que vale cada centavinho do ingresso). A justificativa para sua não-indicação é, no mínimo, irônica: os jurados se dividiram entre as três atuações de Gosling durante 2011 e, por isso, nenhuma delas recebeu votos o bastante pra chegar aos cinco finalistas. Vou resumir a carreira de Ryan Gosling através de sua filmografia e tentar mostrar, através disso, por que ele é tido por vários críticos como o melhor ator de sua geração:
Como o introspectivo piloto "sem-nome" de Drive, Ryan Gosling teve a performance mais elogiada de sua carreira até então. Foi o próprio Ryan que escolheu o diretor Nicolas Winding Refn, uma opção que lhe foi facultada durante a assinatura do contrato com os produtores. A aura cult do motorista que dirige de madrugada pelas ruas de Los Angeles, usando um traje quase de super-herói (jaqueta de cetim branco com um escorpião dourado estampado nas costas) tem grandes chances de realizar o maior sonho de Ryan Gosling: "Inspirar alguém a se fantasiar no Halloween de um personagem que interpretei nas telas".
Ainda em 2011, Ryan Gosling esteve em mais dois longas: Crazy. Stupid. Love. (Amor A Toda Prova) e The Ides of March (Tudo Pelo Poder). O primeiro é uma comédia romântica onde ele vive o galanteador bon-vivant Jacob Palmer, que ajuda o recém-divorciado Steve Carell a dar a volta por cima. Para a composição do personagem, Ryan desenvolveu um físico invejável - mas, em entrevistas, afirmou que não sabia o que fazer com músculos após o termino das filmagens. Sua porção galã que foge do caricatural foi comparada a George Clooney pela crítica americana. É, por enquanto, o filme de maior bilheteria de Ryan Gosling.
Mas a relação com Clooney iria além da comparação: Ryan contracena e é dirigido por ele em The Ides of March. O papel de Stephen Myers, o dedicado assessor de imprensa do candidato à presidência dos EUA Mike Morris (George Clooney), teve nomes como Leonardo DiCaprio e Chris Pine cogitados antes de parar na mão de Ryan Gosling. Tanto por este filme quanto por Crazy. Stupid. Love., Gosling foi indicado ao Globo de Ouro.
Em 2010, graças a Blue Valentine (Namorados para Sempre), Ryan estabeleceu seu prestígio com a crítica. A elogiada química com Michelle Williams foi obtida através de uma técnica inusitada do diretor Derek Ciafrance. Michelle e Ryan se conheceram de verdade em frente às câmeras e todo os diálogos foram improvisados. Além disso, Derek colocou Michelle e Ryan morando juntos por um mês, junto com a criança que interpreta a filha do casal na ficção. O objetivo era fazer com que os dois "destruissem" a própria relação. Cada momento de deterioração era filmado, buscando a maior veracidade possível. O resultado? uma indicação ao Globo de Ouro tanto para Ryan quanto para Michelle.
Se em All Good Things (Entre Segredos e Mentiras), Ryan Gosling era um psicopata que infernizava a vida de sua mulher, vivida por Kirsten Dunst, em Fracture (Um Plano de Mestre), ele era o promotor incansável que perseguia um milionário (Anthony Hopkins) que assassinou a esposa através de um plano estratégico que garantia até a sua própria absolvição nos tribunais. Embora ambos não tenham se saído muito bem nas bilheterias, tal dualidade serviu para comprovar a capacidade de Ryan em interpretar personagens os mais díspares possíveis. Os dois foram realizados em 2010.
Aliás, um dos personagens que mais se sobressaem na filmografia de Ryan Gosling é Lars Lindstrom, de Lars and the Real Girl (A Garota Ideal). Lars é um jovem introvertido que se apaixona por uma boneca inflável e faz com que toda a vizinhança se renda à sua "namorada". Para auxiliar a interpretação de Ryan, a boneca foi tratada como uma atriz de verdade: ganhou o nome de Bianca Wrangler (e até apareceu nos créditos), tinha seu próprio trailer e só estava presente no estúdio nas cenas em que participava. Este filme rendeu a Ryan Gosling sua primeira indicação ao Globo de Ouro.
Na cerimônia do Oscar de 2007, Ryan Gosling era um ilustre desconhecido: foi indicado por sua performance avassaladora no filme independente Half Nelson. Como o professor de um colégio de periferia, que nas horas vagas abusa do uso de drogas e álcool, ele ganhou o status de "promissor" e passou a ficar sob os atentos olhares dos críticos. Foi a primeira e única indicação de Ryan ao Oscar até hoje.
The Notebook (Diário de Uma Paixão), adaptação do best-seller de Nicolas Sparks, foi o primeiro sucesso de bilheteria de Ryan Gosling. Ele protagozinou o filme ao lado de Rachel McAdams, com quem teve um relacionamento na real life que durou mais de três anos. Embora o estúdio tivesse cotado Justin Timberlake e Tom Cruise para o papel de Noah, Ryan Gosling foi a primeira e única escolha do diretor Nick Cassavetes. Ryan e Rachel ganharam o troféu de Melhor Beijo no MTV Movie Awards.
O primeiro papel de relativa importância de Ryan Gosling foi no suspense Murder by Numbers (Cálculo Mortal), de 2002, protagonizado por Sandra Bullock, com quem ele também teve um romance nos bastidores. Além de Sandra, Ryan contracenou com Michael Pitt, que se tornaria famoso ao protagonizar The Dreamers (Os Sonhadores), de Bernardo Bertolucci.
Para 2012, Ryan já está envolvido com vários projetos: uma nova parceria com Nicolas Winding Refn, chamado Only God Forgives; contracenará com Rooney Mara e Christian Bale no novo filme de Terrence Malick, Lawless; fará o papel do sargento Jerry Wootters no drama criminal Gangster Squad, com Emma Stone e Sean Penn; e reencontrou com o diretor de Blue Valentine, Derek Cianfrance, no longa em fase de pós-produção The Place Beyond the Pines, classificado pelo próprio Ryan Gosling como "a melhor experiência que ele já teve filmando um longa".
Boas considerações sobre o Ryan e o post sobre o Oscar está fantástico. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirmuito obrigado!
ResponderExcluirVocê não viu ainda o United States of Leland, né? De todo jeito, excelente texto.
ResponderExcluirainda não, mas tá na minha watchlist. eu tava mais focado nos filmes atuais por causa do Oscar, agora vou poder assistir aos mais antigos numa boa. e obrigado, meu querido felipe f.
ResponderExcluirO Ryan é daqueles Atores (com "a" maiúsculo) que preferem um bom papel a ganhar rios de dinheiro num blockbuster da vida. Ele parece selecionar minunciosamente cada personagem em que vai trabalhar; preferindo sempre os mais intensos. É perceptível que os papeis ao longo de sua carreira são BEM diferentes entre si. Não é todo mundo que tem essa versatilidade, ainda mais sendo tão jovem (30 anos). Mas curioso mesmo é o cara ter sido indicado a UM Oscar, com tantas atuações acima da média. O Globo de Ouro conseguiu ser mais coerente (pra não dizer "justo") com Gosling em suas indicações ao prêmio.
ResponderExcluirSim, e ainda tem gente que debocha do Globo de Ouro, né? Mas não sei, este ano, com Terrence Malick, torço pra que ele emplaque uma indicação de vez. A Academia tem isso de fazer justiça com os atores anos depois (veja a Kate Winslet). Talvez daqui a 10 anos, Ryan ganhe um Oscar por um filme que ele nem esteja tão bom assim quanto os do ano passado.
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