sábado, 31 de março de 2012

Weekend Movies: Heleno


Heleno
direção: José Henrique Fonseca
elenco: Rodrigo Santoro, Alinne Moraes, Erom Cordeiro, Angie Cepeda



sinopse: O jogador de futebol Heleno de Freitas (Rodrigo Santoro) era considerado o príncipe do Rio de Janeiro dos anos 40, numa época em que a cidade era um cenário de sonhos e promessas. Sendo ao mesmo tempo um gênio explosivo e apaixonado nos campos de futebol, além de galã charmoso nos salões da sociedade carioca, tinha certeza de que seria o maior jogador brasileiro de todos os tempos. Mas seu comportamento arredio, sua indisciplina e a doença (sífilis) foram minando o que poderia ser uma grande jornada de glória, transformando-a numa trágica história.


análise: O belo Rio de Janeiro da década de 1940 capturado por uma fotografia em preto-e-branco, ora granulada, com a voz de Billie Holiday ao fundo. Esse é o majestoso visual que caracteriza o filme Heleno. Embora sirva para ampliar os momentos de glamour de seu protagonista (e assim mostrar por quê ele era comparado a Rita Hayworth), tal requinte técnico também se mostra potente ao se tornar vertiginoso e claustrofóbico para retratar as horas de desespero do jogador de futebol mais famoso de sua época.


Pena que tal rigor estilístico, tão bem coordenado pelo diretor José Henrique Fonseca (da série da HBO Mandrake), esteja a cargo de um roteiro tão inconsistente. Heleno de Freitas é apresentado aos espectadores já em seu declínio. Sua loucura é intercalada com os seus momentos de auge em flashback. Tanto a sua infância quanto o começo de sua carreira são ignorados pelo enredo. Ao invés disso, temos um triângulo amoroso com ares de novela das oito que predomina na primeira metade do filme. Trata-se de Heleno envolvido com Silvia (Alinne Moraes), mãe de seu único filho, e paralelamente com a cantora argentina Diamantina (Angie Cepeda), em um tórrido relacionamento extraconjugal. Embora tenha sido uma invenção do roteiro, de fato Heleno era famoso por sua fama de conquistador, o que o levou a contrair sífilis, doença que fez com que o jogador terminasse em um sanatório. Mas, enquanto a colombiana Angie Cepeda (de Pantaleão e as Visitadoras) é uma boa presença no longa, Alinne Moraes não surpreende ao limitar-se a uma atuação apenas mediana. É justo reconhecer que talvez Alinne tenha sido prejudicada por um trabalho de maquiagem não muito eficaz: a sensação é de que os anos se passaram para todos os personagens, menos para a sua Silvia.


A segunda metade de Heleno já foca mais na queda do jogador, a medida que a doença e o vício em álcool vão progredindo. E nessas horas, o filme cresce. José Henrique abusa de enquadramentos e closes dilacerantes que só evidenciam o irretocável desempenho de Rodrigo Santoro, que agrega mais uma atuação brilhante à sua coleção. Tudo isso em meio a fumaça de cigarros. Muita fumaça de cigarros.


A sensação final é de que o filme tinha tudo nas mãos para fazer um gol de placa: uma bela fotografia, uma espetacular reconstituição de época, uma direção segura e um protagonista bastante eficiente. Mas, graças ao roteiro que tenta fazer diferente das biografias em geral e termina desperdiçando turning points e carecendo de envolvimento, Heleno apenas bate na trave.

2 comentários:

  1. Uma pena uma obra de premissa tão interessante apenas bater na trave. Ainda não vi "Heleno", mas pelo jeito o filme erra por besteiras e por ter sempre um ou outro elemento precário. A imagem com a Aline Moraes realmente já lembra uma novela global e triângulo amoroso também é um risco que pelo jeito não teve muito sucesso. Mas, o plot ainda me é chamativo, vou querer conferir. Abraço!!

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    1. Justamente, foi um vacilo de roteiro. Mas "Heleno" vale sim uma conferida, tem uns pontos bons que merecem ser valorizados. Me diga depois se gostou! Abraço

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