Habemus Papam
direção: Nanni Moretti
elenco: Michel Picolli, Nanni Moretti, Renato Scarpa, Jerzy Stuhr.
elenco: Michel Picolli, Nanni Moretti, Renato Scarpa, Jerzy Stuhr.
Estreou ontem o mais recente trabalho do cineasta italiano Nanni Moretti, dono de obras incensadas pela crítica como Caro Diário (1994) e O Quarto do Filho (2000). A característica visão irônica do diretor também está presente em Habemus Papam (2011), um filme extremamente corajoso e autêntico que mergulha na intocável estrutura católica para mostrar a figura suprema da Igreja em plena crise existencial. Após a morte do Papa, o cardeal Melville (Michel Picolli) é o escolhido pelo conclave do Vaticano como seu sucessor. Logo na nomeação, Melville entra em crise por achar que não corresponde às expectativas de seus colegas e de Deus. Entra então em cena o psicanalista interpretado pelo próprio Nanni Moretti, com a função de tratar psicologicamente o novo Papa.
O roteiro, também de Moretti (que é assumidamente ateu), espertamente opta por não defender nem o catolicismo, nem a psicanálise. Ambos são alvos de críticas e de um olhar sarcástico, sempre divertidos. A profundidade emocional da história, no entanto, recai sobre a posição de Melville. É revelado ao espectador que ele, na verdade, sempre gostou de teatro e sonhava ser ator, embora não tivesse aptidão. O novo papa passa a refletir a respeito de sua realização pessoal - análise esta que facilmente contagia quem o assiste. Essa angústia do personagem é potencializada pelo esplêndido desempenho do grande ator francês Michel Picolli (dos clássicos A Bela da Tarde, O Desprezo e Esse Obscuro Objeto do Desejo), aos 86 anos e em plena forma. Além disso, a sempre competente mão de Nanni Moretti valoriza a rica fotografia e nos oferece takes visualmente belíssimos. Intitulado com uma expressão em latim que significa "temos um papa", Habemus Papam oferece uma inteligente experiência, ao mesmo tempo divertida e reflexiva, independente da orientação religiosa do espectador.
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