Já é de praxe, em Fevereiro costumo focar a atenção nos indicados ao Oscar. E o real motivo de eu amar o Carnaval é que ganho praticamente uma semana inteirinha, de folga, podendo me dedicar a esses filmes (who cares about blocos ou escolas de samba), que tem sido lançados ou vazados cada vez mais em cima da premiação. E por causa desse acumulo de lançamentos, comecei a minha personal maratona antes mesmo do Carnaval. Eis os três filmes que assisti no último fim-de-semana, via (o tão querido) torrent:
A Better Life
direção: Chris Weitz
elenco: Demián Bichir, José Julian, Joaquin Cosio, Nancy Lenehan
elenco: Demián Bichir, José Julian, Joaquin Cosio, Nancy Lenehan
cotação: 4/5
Gostei bastante de A Better Life. É um filminho simples, curto, mas que atinge uma certa profundidade graças a performance brilhante de Demián Bichir, ator mexicano merecidamente indicado ao Oscar e ao SAG (mas ignorado pelo Globo de Ouro). Aliás, com o ator errado e o diretor errado, A Better Life teria grandes chances de rolar essa profundidade ladeira abaixo, virando um melodrama. Chris Weitz (de Um Grande Garoto, American Pie, Lua Nova), um diretor que eu até gosto, tem uma carreira cujos trabalhos, em sua maioria, são comedidos e discretos, mas eficientes, embora o roteiro ás vezes seja meio duvidoso - o que não é o caso aqui. A Better Life mostra um jardineiro mexicano, que vive ilegalmente com o seu filho (José Julian) nos Estados Unidos (a esposa abandonou os dois quando o menino ainda era bem pequeno). Os dois enfrentam uma sucessão de problemas gerados quando o pai resolve comprar uma caminhonete e trabalhar ainda como jardineiro, mas por conta própria. (ALERTA SPOILER) Prova maior da eficiência de Bichir é a cena de maior carga dramática do filme: o pai, pouco antes de ser deportado, conversando com o filho na prisão. Emociona bastante (do tipo: você chora pra caramba). (/ALERTA SPOILER). A Better Life é um ótimo filme que, infelizmente, passaria despercebido por muita gente (e até por mim mesmo) se não fosse a indicação ao Oscar. Bichir meio que "roubou" a vaga de Michael Fassbender por Shame, mas, ainda não vi esse filme, não posso opinar.
Warrior/ Guerreiro
direção: Gavin O' Connor
elenco: Tom Hardy, Joel Edgerton, Nick Nolte, Jennifer Morrison
elenco: Tom Hardy, Joel Edgerton, Nick Nolte, Jennifer Morrison
cotação: 4/5
Esse foi uma surpresa positiva pra mim. Procrastinei Guerreiro por muito tempo, assisti mesmo pela indicação de Nick Nolte ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (já tinha sido indicado ao SAG e ao Globo de Ouro). Em parte, a culpa pela minha preguiça é do próprio marketing do longa, que dava a impressão de ser filme trivial de ação sobre lutas. Mas Guerreiro é um DRAMA sobre lutas, seguindo a linha de Rocky, Um Lutador, um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Mas quero salientar que, sim, há cenas de lutas e elas são bem coreografadas e algumas até impactantes. Ambientado no MMA, o filme conta a história de dois irmãos (Tom Hardy e Joel Edgerton) que cresceram numa família desestruturada e foram separados durante a adolescência. Eles voltam a se encontrar anos depois, como concorrentes num torneio, cujo prêmio é de cinco milhões de dólares. Cada um tem seu drama, seus problemas pessoais e uma necessidade pela qual ganhar a grana, cabe ao espectador optar pelo seu favorito. O filme é um meio longo (140 minutos) mas, graças ao roteiro bem montado e à edição esperta, passa voando. Nick Nolte, como o pai ex-alcóolatra dos irmãos, realmente tá soberbo. Tom Hardy faz um bom trabalho também. Gostei bastante da composição do personagem do irmão fuzileiro da marinha. Enfim, apesar do péssimo desempenho na bilheteria norte-americana (tanto que foi lançado aqui direto em DVD), considero Guerreiro um cinema-entretenimento bem acima da média.
The Iron Lady/ A Dama de Ferro
direção: Phyllida Lloyd
elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Anthony Head, Richard E. Grant
cotação: 3/5
elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Anthony Head, Richard E. Grant
cotação: 3/5
Vou ser bem direto: tirando a performance incrível, maravilhosa, espantosa e (insira todos os adjetivos positivos possíveis) de dona Meryl Streep e um espetacular trabalho de maquiagem e figurino, pouco sobra para se aproveitar de A Dama de Ferro. É mais um filme que se encaixa na categoria "a intenção é boa, mas de boa intenção, o inferno tá cheio". O diferencial de A Dama de Ferro pra não cair na vala comum dos filmes-biografia, é mostrar Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido no periodo entre 1979-1990, no fim da vida, beirando a senilidade e conversando com o marido (Jim Broadbent) que já faleceu. A idéia é boa, mas sua carreira é mostrada bem superficialmente, e esses poucos momentos são os que agitam o filme. No geral, a narrativa é lenta e até cansativa (principalmente no começo. E olha que eu gosto de filmes lentos). Acho que também erraram [ALERTA SPOILER] nas cenas mais fantásticas como: um filho que sai da tela da TV quando Margaret assiste a um vídeo antigo de família ou quando o marido, ou melhor, o fantasma do marido realmente vai embora, num climão de despedida meio Ghost. Sinceramente, nada a ver com o filme.[/ALERTA SPOILER]. O elenco de apoio pouco acresenta e Meryl tem o filme só pra ela. Pelo menos, A Dama de Ferro não santifica, nem denigre Margaret Thatcher. Ele mostra (alguns) erros e acertos de Margaret como esposa, como mãe e como ministra. Cabe ao espectador formar a sua opinião sobre ela. Mas, vale passar por cima dos problemas do longa por Meryl Streep, que, dentre as indicadas, é a que mais merece o Oscar (já ganhou o Globo de Ouro, mas perdeu o SAG para Viola Davis em The Help).
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