My Week With Marilyn/ Sete Dias com Marilyn
direção: Simon Curtis
elenco: Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne, Judi Dench
Baseado no livro auto-biográfico de Colin Clark, Sete Dias com Marilyn nada mais é do que uma análise pessoal sobre o que havia por trás da imagem sedutora e irresistível do ícone Marilyn Monroe. Colin, aqui interpretado por Eddie Radmayne, é contratado como assistente de direção de Laurence Oliver (Kenneth Branagh), no filme The Prince and The Showgirl, onde o próprio Laurence atuará com Marilyn Monroe (Michelle Williams). Durante a produção, Colin e Marilyn se envolvem. Logo no início, percebem-se diferenças gritantes entre o livro e o filme. No livro, os pais de Colin são artistas e amigos íntimos de Laurence Olivier, o que justifica a sua fácil incursão no meio cinematográfico. No filme, ele é um cara apaixonado por cinema, que, por insistência (e de uma forma não muito bem explicada), consegue um emprego na produtora de Laurence. Na transposição para a tela, a ordem de certas sequencias foram alteradas e outras tiveram o seu impacto bem diluído. Para encarnar Marilyn, optaram por Michelle Williams (Blue Valentine), uma atriz bem competente, mas que não chega a incorporar o papel de fato. Sua atuação pode ser encarada como uma interpretação própria, uma análise pessoal do mito. Fisicamente, Michelle apenas lembra Marilyn. Mas, pelo menos ela foge da caricatura e é possível encontrar resquícios do poder de magnetismo e da inocência simulada de Marilyn Monroe, que a tornaram tão famosa, alternados com o desequilíbrio emocional e a frágil auto-estima, lados que a película de seus sucessos não capturou. Michelle também soube encontrar o tom certo de voz, mas, de forma geral, o seu desempenho não é mais do que correto. Só a indicação ao Oscar já é um reconhecimento justo. Quem chega a espantar é Kenneth Branagh. É uma pena que ele esteja concorrendo com as performances monstruosas de Christopher Plummer (Beginners) e Nick Nolte (Warrior) pela estatueta de Melhor Ator Coadjuvante. Seu desempenho como Sir Laurence Olivier é soberbo, e, se a preferência por Plummer ou Nolte já não estivesse tão determinada, teria grandes chances de sair vitorioso amanhã. No fim, Sete Dias com Marilyn resulta simplório, com jeitão de telefilme bem-acabado. Pouco acrescenta e não chega a desvendar a mulher por trás da lenda Marilyn Monroe.
Albert Nobbs
direção: Rodrigo Garcia
elenco: Glenn Close, Janet McTeer, Mia Wasikowska, Aaron Johnson
IMDb
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Albert Nobbs é projeto pessoal de uma de minhas atrizes favoritas, Glenn Close, que além de protagonizar, colaborou na adaptação do roteiro e compôs a música tema. Com este filme, Glenn conseguiu a sua sexta indicação ao Oscar (já foi nomeada inclusive por Atração Fatal e Ligações Perigosas, dois de seus maiores êxitos comerciais, mas nunca ganhou). O personagem-título de Albert Nobbs é um dos mais complexos de sua carreira: ele, na verdade, é uma mulher órfã que, na Irlanda do século XIX, resolve se travestir para conseguir trabalhar como garçom e manter uma vida digna e independente. Glenn Close conduz o personagem com a maior sutileza possível, sendo perceptível todo momento o cuidado em evitar que ele caia no melodrama. O problema é que essa mesma cautela impede que se atinja a emoção que certas passagens do roteiro exigem. E nessas horas, tudo fica frio demais. Agora, mais comentada do que a performance de Gleen Close, é a de Janet McTeer, que interpreta o pintor Hubert, personagem que esconde o mesmo segredo que Albert. Janet é uma ótima atriz, teve também foi lembrada pela Academia por este trabalho (já foi indicada antes por Livre para Amar), mas não vejo motivo pra tanta aclamação. Acho seu desempenho aqui bacana, a composição do personagem razoável e só. Dos demais protagonistas, Brendan Gleeson se sobressai; já Mia Wasikowska e Aaron Johnson estão apenas medianos. De qualquer forma, Albert Nobbs não deixa de ser uma história interessante, tanto pelo retrato da antiga sociedade opressora irlandesa quanto pela interessante complexidade psicológica de seu protagonista.
Potiche/ Esposa Troféu
direção: François Ozon
elenco: Catherine Deneuve, Gerárd Depardieu, Fabrice Luchini, Karin Viard
Este é o trabalho mais recente do multi-facetado diretor francês François Ozon. Ele já exercitou o humor negro em 8 Mulheres; o thriller em Swimming Pool; a fantasia em Ricky; o romance em Angel, etc. Em Potiche, ele trabalha com a comédia, mas sem abandonar o tradicional ponto de vista satírico, a análise sobre a sexualidade humana e o toque gay, pontos que marcam presença em todas suas obras – por mais que sejam de gêneros tão díspares. Aqui temos também o reencontro dos astros franceses Catherine Deneuve e Gerárd Depardieu. Os dois estiveram juntos pela primeira vez em O Ultimo Metro, de François Truffaut, e desde então, fizeram mais oito parcerias. Ozon utiliza de um visual bem colorido para remontar o final da década de 1970, época em que se ambienta a história de Suzanne Pajol, a esposa troféu do título, que se vê obrigada a tomar conta da fábrica que o marido dirige, após este ter uma crise. Com isso, ela acaba reavaliando sua antiga posição de dona-de-casa exemplar, ao mesmo tempo em que revive uma antiga paixão com Maurice Babin (Depardieu), líder sindicalista que encabeça uma revolta que está ocorrendo justamente em sua fábrica. Potiche é uma comédia gostosa de ver, tem momentos divertidíssimos (como a sequencia de Gerard e Deneuve dançando numa discoteca), flerta com êxito com o musical, mas é uma história simples, não raro apela pro clichê e faz uma análise da estrutura familiar de forma bem superficial. Funciona como um bom passatempo, mas nada além disso. Atenção para a participação especial do ator espanhol Sergi López (Coisas Belas e Sujas; Uma Relação Pornográfica) como um caminhoneiro que tem um rápido envolvimento com a personagem de Deneuve.
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