Rolou no domingo passado, enquanto todo mundo (e eu) assistia ao Grammy, a entrega do BAFTA, o prêmio cinematográfico de maior reconhecimento na Inglaterra. O BAFTA (também conhecido como Orange, em referencia à Orange British Academy of Film and Television Arts) serviu pra provar que, até se tratando de premiações, os britânicos conseguem ser melhores do que os americanos. Ao contrário do Oscar, os ingleses lembraram de nomear títulos como Drive, Precisamos Falar Sobre o Kevin, Tintim, Shame, O Guarda e o documentário Senna, ótimos filmes que chamaram atenção em 2011 e sabe se lá por quê foram ignorados pela Academia. Além disso, enquanto o Oscar tem uma fama xenófoba na bagagem, o BAFTA entregou o principal prêmio ao francês O Artista (nessa altura do campeonato ainda precisa explicar que ele é mudo e em preto-e-branco?), que, além da estatueta de Melhor Filme, levou outras sete. Mas, ao contrário do Globo de Ouro, desta vez o cãozinho Uggie não subiu ao palco pra receber o Orange. Ele tava ocupado demais tendo sua atuação reconhecida no prêmio Coleira de Ouro (foto abaixo), que premia as melhores perfomances caninas do ano. Sim, já temos quem premie os cachorros. E sim, todos eles atuam melhor do que o Robert Pattinson.
Uggie no Coleira de Ouro
Na categoria Melhor Filme, O Artista concorreu com Histórias Cruzadas, Os Descendentes, O Espião que Sabia Demais e o meu querido Drive. Embora O Artista seja o meu favorito pro Oscar, já que lá eles não tiveram peito de indicar Drive, aqui no BAFTA, este se tornaria o meu preferido. De qualquer forma, achei a escolha bacana. No BAFTA eles têm a categoria Melhor Filme Britânico. Considero uma boa idéia, é melhor do que correr o risco de se arriscar à tentação de premiar somente filmes britânicos na categoria principal apenas por puro nacionalismo. O vencedor foi O Espião que Sabia Demais, com Gary Oldman, que concorreu com Sete Dias com Marilyn, Shame, Precisamos Falar Sobre o Kevin e Senna, documentário inglês sobre Ayrton Senna. Não opino nessa categoria porque não assisti ainda a Sete Dias com Marilyn e Shame, mas aguardo os torrents ansiosamente.
Jean Dujardin faturou Melhor Ator, mais um prêmio pra sua estante. É incrível o favoritismo que O Artista tem recebido nessas premiações pré-Oscar. Gosto muito da performance de Dujardin. Concorreu com George Clooney (por Os Descendentes), Brad Pitt (por Moneyball), Gary Oldman (por Espião) e Michael Fassbender (por Shame). É o fab-five de atuações mais comentadas em 2011, mas o Oscar preferiu ser indie e tirar Fassbender para colocar Demian Bichir (por A Better Life).
Jean Dujardin faturou Melhor Ator, mais um prêmio pra sua estante. É incrível o favoritismo que O Artista tem recebido nessas premiações pré-Oscar. Gosto muito da performance de Dujardin. Concorreu com George Clooney (por Os Descendentes), Brad Pitt (por Moneyball), Gary Oldman (por Espião) e Michael Fassbender (por Shame). É o fab-five de atuações mais comentadas em 2011, mas o Oscar preferiu ser indie e tirar Fassbender para colocar Demian Bichir (por A Better Life).
Meryl Streep, Jean Dujardin e seus respectivos Orange
Deu Meryl Streep (por A Dama de Ferro) como Melhor Atriz. Ok, Meryl, sou fã da sua performance monstruosa, imma let you finish but Tilda Swinton (Precisamos Falar Sobre o Kevin) tem a melhor atuação de 2011. Ela devia ter levado o prêmio. Mas enfim, é melhor do que terem supervalorizado a Viola Davis (por Histórias Cruzadas) como fez o SAG. Concorreram com Meryl, Viola e Tilda: Michelle Williams (Marilyn) e Berenice Bejo (O Artista). Aliás, alguém sabe que por que Berenice foi indicada como coadjuvante no Oscar se, de fato, ela é a atriz principal?
Na área dos coadjuvantes, levaram o Orange: Christopher Plummer (por Beginners) e Octavia Spencer (por Histórias Cruzadas). Sem surpresas, tem 90% de chances de ocorrer a mesma coisa no Oscar. Concorreram com eles: Kenneth Branagh (Marilyn), Jim Broadbent (A Dama de Ferro), Jonah Hill (Moneyball) e Philip Seymour Hoffman (Tudo Pelo Poder); e Jessica Chastain (Histórias Cruzadas), Judi Dench (Marilyn), Melissa McCarthy (Bridesmaids) e Carey Mulligan (Drive). Acho justo Plummer ter levado, mas preferia que Jessica Chastain tivesse ganhado. Não só por Histórias Cruzadas, mas pela série de atuações formidáveis que ela colecionou ano passado. De qualquer forma, o BAFTA acertou em lembrar de Carey Mulligan, mas falhou em esquecer Nick Nolte (por Warrior).
O Artista também foi agraciado na categoria Melhor Diretor. Michel Hazanavicious repetiu o feito do Sindicato dos Diretores e levou o prêmio. Concorreu com Tomas Alfredson (Espião), Lynne Ramsay (Kevin), Nicholas Winding Refn (Drive) e Martin Scorsese (Hugo Cabret). Embora Michel faça um ótimo trabalho com O Artista, particularmente prefiro a direção engenhosa, moderna e bastante competente de Nicholas Winding Refn e Tomas Alfredson. Curioso é a falta de Alexander Payne (Os Descendentes) por aqui. Cairia bem no lugar de Lynne Ramsay.
Michel Hazanavicious e o seu 203210382084º prêmio por O Artista
Em Roteiro, na categoria Original, mais um prêmio para O Artista. Olha, acho meio injusto. Adoro o filme, mas reconheço que roteiro não é bem o seu forte. Concorreu com Bridesmaids, O Guarda, A Dama de Ferro e Meia-Noite em Paris, que acho o mais merecedor dentre os cinco. Já Roteiro Adaptado ficou para O Espião Que Sabia Demais, baseado no romance de John LeCarré. Disputou com Os Descendentes, Histórias Cruzadas, Tudo Pelo Poder e Moneyball. Apesar de Espião ser um thriller de espionagem com uma edição incrível, as reviravoltas e os diálogos afiados de Tudo Pelo Poder me surpreenderam e entreteram bem mais.
A categoria de FIlme Estrangeiro foi a responsável pelo grande tapa na cara da sociedade cinematográfica: o escolhido foi A Pele Que Habito, de Almodovar. Concorrou com Incêndios, Pina (documentário de Win Wenders), Potiche - Esposa Troféu e o favorito de meio mundo (inclusive meu) A Separação. Aliás, mais uma seleção bem mais coerente que a do Oscar. De qualquer forma, acho que o BAFTA deu o prêmio a Almodovar só pelo shock value. A Pele Que Habito é ótimo, incrível, chocante, etc etc, mas não bate A Separação.
A categoria de FIlme Estrangeiro foi a responsável pelo grande tapa na cara da sociedade cinematográfica: o escolhido foi A Pele Que Habito, de Almodovar. Concorrou com Incêndios, Pina (documentário de Win Wenders), Potiche - Esposa Troféu e o favorito de meio mundo (inclusive meu) A Separação. Aliás, mais uma seleção bem mais coerente que a do Oscar. De qualquer forma, acho que o BAFTA deu o prêmio a Almodovar só pelo shock value. A Pele Que Habito é ótimo, incrível, chocante, etc etc, mas não bate A Separação.
Esse post ja tá longo DEMAIS, vou parar na categoria de Animação: foram felizes ao escolher Rango, que concorreu com Tintim e Operação Presente. Sério, só Oscar mesmo pra indicar Kung Fu Panda 2. E pra fechar com chave de ouro: o grande momento do BAFTA 2012, estrelado por dona Meryl e Colin Firth. Taí um dos motivos porque Bridget Jones escolhe o Mark Darcy no final do filme:
Confira todos os vencedores no blog do Rubens Ewald Filho.
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